Eficiência agronômica de tecnologias aplicadas a otimização do uso da água na cafeicultura irrigada
Publicado: 22/01/2019 - 11:42
Última modificação: 19/02/2021 - 16:16
A cafeicultura irrigada é uma realidade no cenário nacional, ocupando cerca de 10% da área plantada, permitindo situar o cafeeiro entre as principais culturas irrigadas do Brasil. Este cenário deve-se a disponibilidade de sistemas modernos a preços competitivos e pela demanda de novas áreas de expansão dos cafezais, onde muitas vezes a ampliação da fronteira cafeeira se dá em áreas consideradas marginais à cultura, principalmente no que diz respeito à disponibilidade hídrica. A frequência e a intensidade do déficit hídrico constituem os fatores mais importantes à limitação da produção agrícola, sendo que, excluindo os efeitos extremos, esta limitação é responsável por 60 a 70% da variabilidade final. Dessa forma, as relações hídricas no cafeeiro são de grande importância, uma vez que reduções na disponibilidade da água podem diminuir substancialmente o seu crescimento, ainda que não se observe sintomas de murcha nas folhas ou quaisquer outros sinais visíveis de déficit hídrico. Em contrapartida, lavouras de café sob condições normais de cultivo, desde que implantadas e conduzidas corretamente, não só resistem satisfatoriamente como também se recuperam muito rapidamente, após o fim de um período seco. É como se a seca preparasse o cafeeiro, de alguma forma, para um crescimento compensatório e para um melhor funcionamento estomático, após a liberação do déficit hídrico via irrigação ou chuva. O efeito positivo da irrigação sobre o crescimento vegetativo e a produção do cafeeiro é bem documentado na literatura, podendo-se utilizá-la ainda como uma técnica condicionante da sincronização do florescimento, por meio da realização de déficit hídrico controlado (DHC) na época reprodutiva, gerando assim, uma melhoria na qualidade final de bebida. A escassez crescente de água e a competição com outros setores econômicos e sociais interferem na gestão da irrigação agrícola. Neste panorama, o conceito de irrigação deficitária vem crescendo nos sistemas de produção de diferentes espécies cultivadas. A irrigação deficitária se baseia em três estratégias: suprimento constante de água abaixo da evapotranspiração, aplicação de água restrita a períodos críticos do ciclo produtivo e/ou secagem parcial da zona radicular. Objetivo geral e específicos a) quantificar os efeitos da restrição hídrica em diferentes estágios de desenvolvimento dos frutos de café e b) Avaliar diferentes estratégias de manejo da irrigação para o uso racional da água em regiões com escassez hídrica. c) Estudar o tratamento eletromagnético da água de irrigação na produtividade, qualidade e redução do uso da água, com vistas à diminuição dos custos de produção e agregação de valor ao produto. Resultados esperados: A realização de DHC no cafeeiro pode gerar benefícios indiretos para a otimização de recursos, considerando que haverá uma redução da demanda hídrica por unidade de área, gerando um aumento da área potencial irrigada de uma propriedade, visto que o fator limitante é a menor vazão disponível, sendo a mesma observada em períodos secos. Atualmente esta proposta é viável, devido a evolução de estudos hidrológicos possibilitando a determinação da vazão outorgável para uma propriedade rural ao longo do ano. Também neste sentido, pode-se ter uma redução da demanda energética para acionamento de conjuntos-moto-bomba na propriedade, gerando uma maior eficiência da matriz energética nacional, já que no Brasil, a principal fonte de geração de energia são as hidroelétricas, que por sua vez, tem seu potencial reduzido na época seca. Desse modo, a compreensão das relações entre a água e o cafeeiro por meio do DHC e suas implicações ecofisiológicas, podem fornecer subsídios, para a tomada de decisões mais fundamentadas sobre o manejo sustentável da lavoura, de forma a ampliar os conhecimentos sobre os diferentes aspectos da produção e resposta destas plantas, fomentando futuras práticas de irrigação.